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Que os exercícios físicos melhoram a saúde em diversos aspectos e a própria respiração em si, todo mundo já sabe. Mas novidades agora comprovadas por experiências científicas vão muito além:

 

1-A ampliação da capacidade pulmonar proporcionada pelos exercícios físicos se dá por dois mecanismos simultâneos: (i) aumento da quantidade de alvéolos - microestruturas onde ocorrem as trocas gasosas no sangue – e (ii) aumento da superfície de troca gasosa do pulmão.

 

2-Em consequência, melhoram significativamente os níveis gerais de oxigenação e diminuem     os de CO2 no sangue; o que significa um melhor desempenho físico geral.                                                         

 

        Essas comprovações só foram possíveis mediante a novas técnicas de contagem confiável de alvéolos e de estimativa da superfície de troca gasosa do pulmão. 

 

Como Se Deu A Descoberta

        Pesquisadores do Laboratório de Estereologia Estocástica e Anatomia Química (LSSCA), do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, liderados pelo estereologista Prof. Dr. Antonio Augusto Coppi, trabalharam com 2 grupos de ratos, submetendo um deles a um treinamento aeróbio de baixa intensidade de 60 minutos por dia (1 vez por dia) em esteira ergométrica, cinco vezes por semana, durante 10 semanas. O outro grupo teve, no mesmo período, uma vida sedentária - mas não eram enclausurados.

        Coppi destaca que, apenas animais com aptidão para correr em esteira foram sistematicamente selecionados para o estudo, conforme recomendado pelo “American College of Sports Medicine” em 2006. Todos os ratos receberam uma mesma dieta padronizada, para que pudessem ter o mesmo aporte energético.

        Após as 10 semanas, associando equipamentos de última geração, softwares ainda pouco utilizados no mundo e muita especialização, a equipe pode fazer a contagem exata dos alvéolos e da superfície de troca gasosa nos pulmões dos ratos de ambos os grupos, obtendo o resultado inédito, somente possível por meio  da Estereologia Estocástica -  ramo relativamente recente da ciência que permite a análise de partículas (como os alvéolos) levando em conta as três dimensões (3D): comprimento, largura e profundidade; com a possibilidade da análise na quarta dimensão (4D): tempo.

        “Com a estereologia, é possível estimar o tamanho real e contar o número total das células ou de qualquer partícula, o que permite uma precisão muito maior do que a metodologia anterior (morfometria, observação bidimensional), que comumente leva o observador a interpretações equivocadas”- comenta Coppi.

 

Os Efeitos Práticos no Organismo

          Como resultado do aumento da quantidade de alvéolos e da superfície de troca gasosa, os animais treinados tiveram 49% de acréscimo na pressão parcial de oxigênio (O2), redução de 22% na pressão parcial de gás carbônico (CO2) e aumento de 3% na saturação de O2.

          Em termos práticos, houve um aumento dos níveis gerais de oxigenação e diminuição dos níveis de CO2 no sangue; o que significa melhor desempenho físico geral; inclusive nos esforços.

 

      Os resultados da pesquisa indicam que os pulmões se adaptam aos exercícios controlados, através do surgimento de mais alvéolos e do aumento da sua superfície de troca de gases; ampliando assim o suprimento de oxigênio às células e adaptando-se ao esforço adicional imposto pelos exercícios físicos.