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Parkinson: entender para cuidar

Keli Vasconcelos
 
Em 1817, o médico inglês James Parkinson descreveu os primeiros relatos da enfermidade considerada a segunda maior doença degenerativa do sistema nervoso, perdendo apenas para o Mal de Alzheimer.

A Doença de Parkinson atinge, em geral, indivíduos acima dos 65 anos. Embora seja confundida como comum em idosos, há casos estudados pela comunidade médica de jovens com o problema, abaixo dos 40 anos, ou com mais de 70 anos.

O Parkinson provoca a degeneração das células cerebrais denominadas substância negra onde são produzidas dopamina (neurotransmissor), condutoras de correntes nervosas ao corpo. Sua diminuição afeta principalmente a parte motora, provocando o chamado tremor de repouso. “A pessoa tem tremores em determinado lado do corpo quando não realiza nenhuma atividade. Por exemplo, ela está sentada no sofá e inicia movimentos com a mão involuntariamente, mas quando pega uma xícara de café, estes cessam”, comenta o neurologista Prof. Dr. Luiz Augusto Franco de Andrade, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP). E descreve outros sinais: “O parkinsoniano anda com lentidão (bradicinesia), não movimenta os braços durante esta marcha e encurva o tronco para frente, o que provoca mais quedas, além de ter dificuldades na fala – tende ser mais baixa que a normal (hipofonia) – e na deglutição. Estes sintomas não aparecem todos de uma vez em uma só pessoa; são aspectos gradativos”.

Existem também algumas diferenças em relação a Doença de Parkinson e o conjunto de sintomas crônicos denominado síndrome parkinsoniana. Andrade explica que síndrome pode ser motivada por outras causas, além da própria doença de Parkinson, como ingestão de determinados remédios, questões genéticas, exposição a defensivos químicos e outros agentes externos que provocam as crises às pessoas suscetíveis. Inexatidão também dificulta o diagnóstico do Parkinson, que evolui de forma distinta e precisa de acompanhamento médico prolongado. A doença neurológica não é detectada por meio de exames laboratoriais. “Ela é multifatorial. A idade influencia e pode ser um agente facilitador da Doença de Parkinson, mas há diversas razões que podem também desencadeá-la. Existem cinco genes, por exemplo, capazes de provocar a doença no indivíduo, se este estiver suscetível”, diz Dr. Luiz Augusto.

As terapias preponderantes usadas são as medicamentosas, especialmente que contém na formulação a Levodopa e outras drogas dopaminérgicas. “A substância é um aminoácido que oferta as regiões do cérebro que necessitam deste neurotransmissor e existem também os agonistas dopaminérgicos que atuam como fossem a dopamina”, explica o neurologista.

O tratamento engloba uma equipe multidisciplinar, com fisioterapias, sessões de fonoaudiologia, atividades físicas e procedimentos diversos para diminuir os sintomas.

As intervenções cirurgias, aponta Dr. Luiz Augusto, não são curativas e tem como enfoque a remoção dos sinais, mas a decisão de sua efetuação dependerá do quadro do paciente. “Há mais de 60 anos são feitas operações para a remoção de sintomas da Doença de Parkinson. Estas cirurgias clássicas produzem uma pequena lesão por coagulação em uma região do cérebro e elimina-se o sintoma”, expõe.

Inovações tecnológicas como a cirurgia neurofuncional (Deep Brain Stimulation) para a colocação de eletrodos (marcapassos) em partes do cérebro afetadas pela doença, para o doutor, “são técnicas sofisticadas que devem ser aplicadas conforme a necessidade e a evolução da doença no paciente. Se ele responde bem aos medicamentos, não tem uma necessidade de cirurgia”, conclui.