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Nunca é tarde para trabalhar
Empresas criam programas de incentivo à contratação
de idosos

 
Keli Vasconcelos
Já dizia o ditado: nunca é tarde para começar. Essa máxima vale para os idosos que querem voltar a trabalhar, com o objetivo de manter-se financeira e mentalmente ativos.

 

 

O concorrido mercado de trabalho ainda impõe empecilhos, como o fator idade, que dificultam suas inserções a este direito, como também sofrem discriminação por serem considerados “velhos” e incapazes.

Com força de vontade e perspectiva, muitos encontram um emprego por sua competência e, principalmente, pela oportunidade oferecida por empresas que valorizam essa figura que a cada dia se destaca mais. Exemplos surgem em demasia na economia atual.
 

Uma dessas companhias é o Grupo Pão de Açúcar. Em 1997, a empresa iniciou um projeto-piloto para a contratação de funcionários com mais de 55 anos. A experiência surpreendeu à companhia, como aos próprios candidatos e aos consumidores. Agora são cerca de 1200 funcionários neste perfil e a contratação deixou de ser em caráter especial e está inserida na rotina de seleção da rede.

“Começamos a observar nossos antigos funcionários envelhecendo dentro da empresa e mantendo sua capacidade, muitas vezes tendo a maturidade como aliada no campo profissional. Então pensamos como poderíamos trocar experiências com essa faixa etária. O programa é um sucesso e vem recebendo elogios freqüentes de clientes e de outros funcionários”, diz a diretora de recursos humanos do Grupo Pão de Açúcar, Maria Aparecida Fonseca.

Mas o melhor resultado está na vitalidade e no sorriso dos contratados. Como no caso de Maria da Ressurreição Esteves, funcionária do Pão de Açúcar da rua Teodoro Sampaio, zona oeste de São Paulo. Aos 76 anos, ela começou a trabalhar na empresa logo que o projeto foi implementado e diz que não consegue imaginar sua vida sem este emprego.

“É uma forma de a gente conhecer pessoas, conversar, se manter ativo e útil. Antigamente, qualquer dor de cabeça me deixava de cama. Hoje eu nem fico mais doente e meus filhos têm orgulho de mim”, afirma. Além do programa, o Grupo também realiza outras ações como caminhadas, cursos e passeios aos freqüentadores das lojas acima de 60 anos.


 Intercâmbio com os jovens

Os idosos ao exercerem funções, mantêm o convívio com pessoas na faixa de 18 a 21 anos. Ou seja, experiências divididas e consagradas, como em um rito de passagem. Recém saídos da puberdade amadurecem e integrantes da terceira idade rejuvenescem por meio do trabalho.

“Esse emprego foi uma benção do céu. Mudou a minha cabeça, me deu conhecimento e aprendizado e fiz muitos amigos”, confirma entusiasmada Dora Santini Tavares, 77 anos, recepcionista membro do Programa Atividade, promovido pela rede de restaurantes Pizza Hut, na unidade do Shopping Paulista.
 

O Programa desenvolve desde 2003 treinamento a candidatos com mais de 60 anos que encerraram a vida profissional e que tenham interesse em voltar ao mercado. Os participantes trabalham de 4 a 6 horas por dia, em horário apropriado e exercem tarefas pertinentes aos seus perfis, em uma das 16 lojas da Grande São Paulo. A empresa oferece remuneração, cesta-básica, convênio médico e odontológico, seguro de vida, vale transporte e alimentação no local.

O retorno por parte dos outros profissionais é positivo, como afirma o diretor de marketing da empresa, Reynaldo Zani. “Essas pessoas certamente agregam muito valor às atividades diárias dos demais funcionários e à experiência dos nossos clientes”.

Elogios da clientela

Dora está na Pizza Hut há um ano e meio e além de recepcionar os visitantes, tira pedidos e “ainda trago mais clientela aqui para a loja. Muitos vêm só para serem atendidos por mim. Tenho uma pasta cheia de bilhetes do pessoal que elogia meu trabalho, o que me deixa muito feliz”, completa.

O Bob’s é outra rede de fast-food que faz este tipo de contratação. O Projeto Bob´s Melhor Idade foi criado há dois anos em sua sede, no Rio de Janeiro. Os trabalhadores são qualificados para prestar atendimento personalizado ao consumidor. Atualmente, são 28 idosos em todo o país que fazem parte do quadro de funcionários da empresa, com idadeentre 45 e 65 anos.

“Os integrantes do projeto têm a função de ‘Anfitrião das Lojas’. Eles oferecem sugestões, orientam e registram pedidos dos clientes com o máximo de atenção e carinho”, explica o diretor de Recursos Humanos da rede, Geraldo Gonçalves.

Uma delas é Solange Nascimento da Cruz, de 51 anos. Trabalha desde o início do projeto, do qual soube por acaso. “Li em um anúncio de jornal que precisavam de gente e mandei um currículo. Depois do processo seletivo fiquei muito contente quando me chamaram”, enfatiza a funcionária da loja do Shopping West Plaza.

Renda média do idoso cresce

Segundo o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000, a renda média dos idosos responsáveis pelos domicílios subiu de R$ 403,00 para R$ 657,00 o que representa um aumento de 63%. A maior está na região metropolitana do Sudeste do país, que é de R$ 835, na maioria proveniente das aposentadorias. A pesquisa aponta também que nos próximos 20 anos o número de idosos no Brasil pode ultrapassar os 30 milhões, representando quase 13% da população.

Não esmorecer. Este é o conselho dado para aqueles que já pensaram em desistir de se recolocar. “As pessoas não podem perder as esperanças, elas devem correr atrás, pois vão onseguir. E não devem ligar para o preconceito. Somos capazes”, enfatiza Dora Santini da Pizza Hut.
 
 

 

WAL-MART aposta na experiência e investe em profissionais da terceira idade
 
Por Roberto Dupré
A diversidade é um dos principais focos da política de Recursos Humanos do Wal-Mart Brasil. A rede foi pioneira na contratação específica para pessoas da terceira idade, em 1996, e hoje já conta com cerca de 500 colaboradores.  Estes funcionários se mostram profissionais extremamente competentes e tem grande reconhecimento por parte de seus colegas de trabalho e dos próprios clientes. Além disso, eles se sentem inseridos na sociedade, cumprindo o seu papel de cidadão, transferindo e otimizando seu conhecimento.  

No Wal-Mart Brasil, hoje são cerca de 500 pessoas com mais de 55 anos, atuando em diversos cargos nas lojas e no escritório central. "No caso específico da terceira idade, temos um quadro bastante grande de pessoas trabalhando em nossas unidades como repositores, gerentes e diretores, entre outras funções, além das vagas específicas de recepcionistas, as chamadas "senhoras de atendimento", uma espécie de anfitriã da loja, função que foi criada para humanizar o atendimento ao cliente, fazendo com que ele se sinta especial com o serviço diferenciado.", observa Silvana Gibrail, diretora de Capital Humano do Wal-Mart Brasil.

"Nossa filosofia prevê a contratação de pessoas independentemente da idade, sexo, raça. Além de buscar funcionários da terceira idade, investimos na contratação de portadores de deficiência e jovens aprendizes, sempre oferecendo oportunidades para todas as pessoas da comunidade", completa Silvana. Segundo ela, os idosos são assíduos, pacientes e lidam muito bem com pessoas; características fundamentais para trabalhar nas lojas.

Para se candidatar a uma vaga no Wal-Mart é preciso ter o seguinte perfil: sociabilidade, boa comunicação, senso de urgência e orientação para atendimento. Não é necessário ter experiência anterior, mas exige-se segundo grau completo e disponibilidade de horário. As oportunidades de trabalho na empresa podem ser consultados por meio do site www.walmartbrasil.com.br , clicando no ícone Carreira.