Comportamento

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Bom para a pele e o coração

Bárbara Raffaeli
A longevidade com qualidade de vida é hoje uma conquista de milhares de pessoas que chegam à Terceira Idade em plena forma. Mas se a maturidade não incluir uma vida sexual satisfatória e feliz, pode ter certeza de que alguma coisa não anda bem. Veja aqui como garantir o seu prazer de cada dia.

Manter uma vida sexual satisfatória, mesmo em idade avançada, é fundamental porque favorece o bem-estar e a saúde. A conclusão é do andrologista austríaco Siegfried Meryn e tem como base a pesquisa do grupo farmacêutico, realizada em nível mundial entre 26 mil homens e mulheres, na faixa etária de 40 a 80 anos. Os resultados foram surpreendentes. Em primeiro lugar, essa população, diferentemente do senso comum, não condena a sexualidade nem a paixão entre idosos. Ao contrário: mais da metade dos entrevistados rejeitou a opinião de que “as pessoas mais velhas não querem sexo”.  

Mais de 50% disseram ter mantido relações sexuais nos últimos 12 meses e quase três em cada cinco, pelo menos uma vez por semana.
A regularidade não surpreende a psiquiatra coordenadora do Projeto Sexualidade da USP (Universidade de São Paulo) e autora do livro Descobrimento Sexual do Brasil, Carmita Abdo: “Existe sexo bom nessa idade! O casal aprendeu a se dar prazer ao longo da vida, é uma experiência de décadas. A mulher é mais experiente, chega ao orgasmo muito mais fácil”, explica, acrescentando que a grande diferença do sexo nessa fase é que ele fica menos intenso, como tudo na vida.

Pratique o sexo seguro

Indispensável em qualquer idade, a prevenção e os cuidados contra as DST e a Aids são fundamentais para quem quer ter uma vida sexual prazerosa longe dos problemas. Os números da contaminação continuam preocupantes em nosso país
Mesmo para quem já não precisa se preocupar com os riscos de uma gravidez indesejada, o bom senso recomenda o uso do preservativo também entre os parceiros amorosos da Terceira Idade. Isto porque em qualquer faixa etária continua valendo a máxima: quem vê cara não vê Aids e, muito menos, nenhuma das DST, as Doenças Sexualmente Transmissíveis, que continuam fazendo estragos, com altos níveis de contaminação entre homens e mulheres de todas as idades e classes sociais. Para interromper essa cadeia preocupante, ou pelo menos não correr o risco de fazer parte dela, só há um jeito: praticar o sexo seguro seja qual for o parceiro.
 

Satisfação garantida
Para tudo dar certo, há que se respeitar os sins e os nãos da vida sexual plena, segundo especialistas na matéria.
Sim!
• Namore muito, para manter a capacidade de sedução e de conquista
• Cuide da saúde, lembrando que saúde e prazer andam lado a lado
• Pratique esportes, pois eles melhoram a disposição para a vida e o sexo.

Não!
• Fumar jamais,: o cigarro prejudica a saúde e o desempenho sexual
• Beba com moderação: o álcool também compromete o desempenho sexual
• Fora com o sedentarismo: além de comprometer motivação e capacidade física, também causa desordens emocionais.
 


Corte o mal pela raiz
Um check-up completo é o primeiro passo para garantir mais segurança e disposição sexual na terceira idade. “Aos 50 anos, é possível identificar com mais freqüência o surgimento de doenças como diabetes, problemas de próstata, hipertensão e outros distúrbios cardiovasculares. As conseqüências são desastrosas se não forem tratadas”, adverte o psiquiatra Moacir Costa, do Instituto de Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo. Costa afasta o pessimismo lembrando que a reposição hormonal em homens e mulheres, com critério e rigor médico, pode ser um caminho seguro para a solução de vários complicadores do bom desempenho sexual. Além de impedimentos físicos, há outros fatores que podem comprometer a prática sexual, veja como lidar com eles:
 

Depressão
Segundo Carmita Abdo, a ocorrência é muito comum na terceira idade, devido à falta de trabalhos produtivos e à ausência dos filhos, que cresceram e deixaram a casa paterna. “A depressão é um dos problemas que afetam o interesse por sexo na Terceira Idade. Há, na verdade uma relação que se repete, um círculo vicioso: a queda da competência sexual gera depressão e a depressão aumenta a incompetência sexual”.
Antídoto seguro: psicoterapias ou, se o médico indicar, medicação adequada.

Decadência física
Cabelos brancos, rugas e flacidez podem colaborar para um estado de desânimo geral, que compromete o sexo, alerta o psiquiatra Moacir Costa, do Instituto de Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo: “O contato com a idéia do envelhecimento, que se dá em geral em torno dos 50 anos, pode sim abalar as estruturas do individuo provocando uma sensível diminuição no seu apetite sexual. No plano psicológico, acredita-se que homens e mulheres encaram essa nova fase com boa dose de perplexidade e negação. Através do espelho, vem a constatação das rugas, do embranquecimento dos cabelos e da redução ou oscilação dos desejos em geral. Os sexuais atormentam mais os homens”, observa. “A terapia psicológica favorece uma leitura mais global dessa fase e aponta algumas direções mais saudáveis”, indica Costa.
Antídoto seguro: encarar cuidados com o corpo e com a cabeça, afinal, beleza é também resultado de bons tratos e pode contemplar pessoas de todas as idades. Exercícios físicos prazerosos garantem maior energia e bem-estar. Vitaminas, boa alimentação e o cultivo de atitudes positivas podem “remoçar”. Se for difícil mudar a rotina sozinho, vale buscar ajuda de um terapeuta ou personal trainer.

Perda da intimidade
Casais que durante uma vida inteira nunca se entenderam, cultivaram rancores e distanciamento, podem constatar a perda da intimidade: “Após os 60 anos, as dificuldades, os traços da personalidade se acentuam, o que acaba afastando o casal. Coisas que incomodaram um ao outro a vida inteira vão incomodar mais. Isso diminui a vida sexual mais ainda”, ressalta Carmita.
Antídoto seguro: terapia de casal e muito diálogo para tentar resgatar os sentimentos ou, se for o caso, encarar a separação. O que não se justifica é conviver com uma “não vida” só por comodismo.

Fontes
Carmita Abdo – Psiquiatra, coordenadora do Projeto Sexualidade da USP, e
autora do livro Descobrimento Sexual do Brasil
Moacir Costa

 

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