As relações afetivas do homem idoso

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 As relações afetivas do homem idoso

 

Dorli Kamkhagi

 É importante situar o Universo que este homem que envelhece “está inserido”. Como são suas relações familiares, sua posição dentro desta família. Será que o lugar de provedor ainda continua?
Como são os seus vínculos com seus filhos, existe uma relação de trocas afetivas. Tem um lugar de respeito “dado a esta pessoa que transmitiu legados e lugares”.
Como são as trocas deste homem (afetivas sociais e de trabalho), que permeiam o seu  imaginário  que atravessa o fantasma “do envelhecer”.

 

Contemporaneidade
Cada vez mais o envelhecer, para o homem, na nossa sociedade vive um momento cheio de dúvidas e nuances. Assistimos constantemente ao bombardeamento midiático que prega a necessidade de nunca envelhecer, como se a juventude eterna fosse um compromisso com a vida e não corresponder a este padrão de máxima exigência fizesse do homem um “produto descartável”.

Fases do Envelhecimento
Ocorre se designar a velhice um período variado que abarca uma diversidade de estados físicos, mentais e de ânimo tão grande que se torna difícil operacionalizar o que é velho e o que é velhice. Devemos sempre pensar na subjetividade de cada pessoa, ou seja, envelhecemos como vivemos.
Os homens sempre tiveram dificuldades de transitar em outros âmbitos que não fossem o trabalho, viver a possibilidade de conhecer outros lugares é tarefa às vezes árdua. O homem começa a se preocupar e a perceber que os modelos antigos, dos pais, avós da família precisa também ser repensada. Como ele vai viver o lugar de avô, trabalhar as questões dos lugares da intergeracionalidade. Dar ao filho ou filha o lugar de adulto-fértil, aí nos remetemos à mitologia grega que fala do mito de Cronos, que comia os seus filhos para não ter que perceber a marca do tempo.
É importante falarmos dos lugares simbólicos que a paternidade propicia como “cuidador”, provedor, multiplicador da espécie. E também falarmos da sexualidade e da possibilidade de se viver também novos ou velhos afetos. Sim,  é possível desconstruir antigas posições e reaprender com a vida que muda com o corpo que se transforma que amar vale muito. Sempre vale a pena.


Dorli  Kamkhagi - Psicanalista Colaboradora do Laboratório do Envelhecimento do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas - FMUSP
Doutora em Psicologia Clínica
Mestre em gerontologia